Páginas

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Professores da Universidade Estadual da Paraíba e UFRN anunciam descoberta de nova espécie de artrópode

Os professores do programa de pós-graduação em Ecologia e Conservação (PPGEC) da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), Douglas Zeppelini e Bruno Cavalcante Bellini, do programa de pós-graduação em Sistemática e Evolução (PPGSE) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), anunciaram a descoberta de uma nova espécie de artrópode (animal invertebrado) da ordem Collembola. O anúncio da Seira ritae, nome como foi classificada, acabou de ser publicado na edição de junho da revista Zoologia, editada pela Sociedade Brasileira de Zoologia.



“O descobrimento de uma espécie nova para a ciência, em especial para a biologia e ecologia, é praticamente merecedor de um Oscar e demonstra a competência de nossas instituições e pesquisadores”, diz o coordenador do PPGEC José Etham de Lucena Barbosa.



Os espécimes de Seira ritae foram coletados junto à vegetação das dunas de areia na Praia do Bessa, em João Pessoa (PB), durante o período de inverno. O clima predominante na área é equatorial e os níveis de precipitação correspondem a verão seco. “A ocorrência de espécies nativas num ambiente urbanizado serve de indicador de qualidade ambiental, dado que os níveis de resistência e as respostas das espécies aos impactos ambientais, como poluição, redução da cobertura vegetal nativa, introdução de plantas e animais e outras pressões relacionadas à constante presença humana, variam de uma espécie para outra”, ressaltaram os professores no artigo publicado em Zoologia.



Collembola representa uma ordem do reino animal formada por um grupo de insetos primitivos, artrópodes que medem menos de 10 milímetros e vivem em todos os ambientes com disponibilidade de matéria orgânica. “Os Collembola, de forma geral, destacam-se por serem formadores de solo, ou seja, eles se alimentam dos fungos que nascem sobre a matéria vegetal e animal em decomposição ou da própria matéria orgânica animal e vegetal, o que torna suas fezes efetivamente solo fértil”, explicou Zeppelini. A Seira Lubbock, com 25 espécies classificados no Brasil, é um gênero predominantemente tropical de Entomobryidae, a maior família da Collembola. Ela é encontrada especialmente no Nordeste, onde 15 espécimes de Seira foram relatados, oito dos quais descritos nos últimos seis anos na Paraíba pelos professores Douglas Zeppelini e Bruno Bellini.



As pesquisas dos docentes em torno dos colêmbolos se desenvolvem há mais de uma década. Zeppelini fez estudos sobre o gênero Arrhopalites no mestrado em Biologia Animal da Universidade Nacional Autônoma do México e no doutorado em Entomologia da Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto. Nos últimos anos, o professor da UEPB tem se destacado por suas investigações sobre a diversidade de Collembola no semiárido e no litoral paraibano, em parceria inclusive com pesquisadores do Instituto de História Natural de Illinois e do Conservatório Natural de Arkansas, nos Estados Unidos.



Desde março de 2009, Douglas Zeppelini é bolsista de Produtividade em Pesquisa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) no campo da taxonomia dos grupos recentes e há anos colabora como revisor de periódicos brasileiros, europeus e norte-americanos. Além de participar de grupos de pesquisa na USP e na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), na UEPB ele é professor permanente do PPGEC na linha de pesquisa Ecologia e Conservação de Ecossistemas Continentais e do curso de graduação em Ciências Biológicas, campus de João Pessoa. O docente é líder do grupo Estudos Ecológicos, Genéticos e Evolutivos da Biodiversidade que desenvolve pesquisas sobre a fauna da Mata Atlântica, Brejos de Altitude, Caatinga e ambientes semi-aquáticos de estuários, restingas e manguezais, principalmente, da região Nordeste.



Um dos integrantes do grupo é o professor Bruno Bellini que faz pós-doutorado na UFRN, com bolsa de Desenvolvimento Cientifico Regional do CNPq. Revisor de periódicos nacionais e estrangeiros, membro permanente do PPGSE e colaborador do programa de pós-graduação em Ecologia da UFRN, dedica-se ao campo da sistemática, comportamento e ontogenia de Collembola. Bellini iniciou suas pesquisas a respeito dos colêmbolos no curso de graduação em Ciências Biológicas da UFPB, com o professor Martin Lindsey Christoffersen, e deu continuidade no mestrado e doutorado da mesma universidade, já sob orientação de Douglas Zeppelini.

Parceria proveitosa

Assim nasceu a parceria Bellini e Zeppelini, resultando no livro “Introdução ao estudo dos Collembola” que chama atenção sobre o desconhecimento da comunidade científica a respeito da abundância dos colêmbolos no país e em uma série de publicações relatando os primeiros registros desses animais na Paraíba, considerada um “hot spot” para o gênero Seira. “Isso demonstra a carência de especialistas atuantes na área no Brasil, especialmente no ramo da taxonomia”, voltaram a insistir os pesquisadores, em artigo publicado na edição de setembro de 2009 da Revista Brasileira de Entomologia. “De fato, a real composição da fauna de Collembola no país, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, é pobremente conhecida”, enfatizaram.



Além da abundância, o tamanho minúsculo é outro fator que dificulta a descrição dos colêmbolos. A experiência dos pesquisadores contou bastante para a distinção da Seira ritae em relação a outros gêneros de Seira, principalmente, a Seira mendocea. Quando comparadas, a primeira espécie apresentou similaridades com esta última, descoberta há três anos por Bellini e Zeppelini, no município de Cacimba de Dentro (PB), a 140 quilômetros de João Pessoa, em uma região situada entre os biomas da Caatinga e do Brejo de Altitude.

Denominações homenageiam docentes

A denominação de Seira mendocea foi uma homenagem prestada a Maria Cleide de Mendonça, professora e pesquisadora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Museu Nacional e uma das maiores referências em Collembola no Brasil.



Já Seira ritae, reconhece as grandes contribuições das pesquisas desenvolvidas sobre o espécime pela professora do programa de pós-graduação em Ciências Biológicas da UFPB Rita de Cassia Siriano Mascarenhas. “Ajudar na descoberta de uma nova espécie é muito gratificante e eu me sinto duplamente gratificada, pois ela está em uma área de relevante interesse ecológico para a conservação de tartarugas marinhas e foi descrita com meu nome”, diz ela.



Com apoio de pesquisadores como Douglas Zeppelini e voluntários, Rita Mascarenhas coordena a Associação Guajiru, dedicada a atividades de pesquisa, preservação e educação ambiental, destacando-se o Projeto Tartarugas Urbanas que, há quase uma década, atua na proteção de áreas de alimentação e reprodução de tartarugas em praias da Grande João Pessoa.

ATENÇÃO, ALUNOS! Esta notícia pode vir a ser cobrada na prova de Biologia do Vestibular 2012 da UEPB.

www.uepb.edu.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário